A crise que começou no mercado imobiliário dos Estados Unidos e já atinge o setor financeiro pode atingir o Brasil. É o que afirma o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Vander Mendes. Mendes afirma que desde 2002 o Brasil se beneficiou com uma bolha ascendente das especulações financeiras no mercado mundial.
“Agora esse mercado começa a ter problemas de honrar seus compromissos e conseqüentemente o Brasil não vai ficar de fora, assim como ele se beneficiou agora também ele vai ter que pagar por isso”, afirmou.
O professor Vander Mendes disse que a atual crise pode, sim, gerar conseqüências parecidas com as vistas na crise de 1929, que resultou na Grande Depressão. O professor acredita, no entanto, que os efeitos sociais podem não ser tão fortes.
“É de se esperar alguma recessão econômica? Talvez sim, principalmente na economia americana, mas talvez nem todas as economias vão ter as mesmas conseqüências, no nível inflacionário, de desemprego, ou seja, talvez as conseqüências sejam mais no nível financeiro”, afirmou.
Isso, no entanto, não significa que a sociedade não deva sentir a crise. Mendes argumentou que se os governos permitirem que os bancos percam o que ganharam até agora, os efeitos sociais vão aparecer. “Infelizmente o mercado globalizado é assim, quando se ganha, poucos ganham, os banqueiros ganham, mas quando se perde, não só os banqueiros que perdem”, disse.
Para neutralizar esses problemas, o professor ressalta a atuação do Estado e dos bancos centrais, não só pontualmente, como tem feito o governo dos Estados Unidos, como também intervenções coordenadas de bancos centrais de diferentes países. Esse tipo de atuação pode minimizar as conseqüências internacionais, pois também há bancos de países europeus – e mesmo de outros continentes – com negócios no mercado imobiliário norte-americano, ressaltou Mendes.
Fonte: Agência Brasil