Brasília - O aquecimento da atividade econômica, com aumento da procura por bens e serviços, levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a decidir manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11,25% ao ano, na reunião realizado nos dia 4 e 5 deste mês.
De acordo com a ata da reunião divulgada quinta-feira (13) pelo Banco Central, os diretores da autoridade monetária discutiram a opção de um "ajuste na taxa básica de juros", mas "prevaleceu o entendimento de que, neste momento, o balanço dos riscos para a trajetória prospectiva central da inflação justificaria a manutenção da taxa básica em seu patamar atual".
"Um ajuste da taxa básica de juros contribuiria para reforçar a ancoragem das expectativas, não apenas para 2008, mas também no médio prazo, e para reduzir o descompasso entre as trajetórias da demanda e oferta agregadas".
Entretanto, segundo a ata, o comitê decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,25% ao ano, sem viés (sem a perspectiva de alteração até a próxima reunião).
"O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", informa o documento.
De acordo com o comitê, os dados referentes à atividade econômica indicam que "o ritmo de expansão da demanda continua bastante robusto", responsável, pelo menos parcialmente, "pelas pressões inflacionárias que têm sido observadas no curto prazo, a despeito do forte crescimento das importações e do comportamento benigno do investimento".
O Copom avaliou ainda que, apesar da desaceleração da economia mundial, o balanço de pagamentos (que envolve todas as operações do Brasil com o exterior) "não deve apresentar risco iminente para o cenário inflacionário". "Por outro lado, há sinais de que pressões inflacionárias relevantes tanto em economias maduras quanto nas emergentes, estariam se intensificando, evidenciando a presença de riscos inflacionários em escala global", diz a ata.
Segundo a ata, o comitê considera que os riscos de retração na economia mundial se elevaram devido à "desaceleração da economia dos EUA [Estados Unidos], as flutuações nos mercados financeiros e de capitais e os efeitos dos desdobramentos dos preços das commodities".
Para os diretores do BC, embora o funcionamento do mercado interbancário tenha melhorado, permanecem "dificuldades evidentes em outros mercados, e as condições de crédito tornaram-se, em geral, mais restritivas". Com isso, o comitê considera que não se pode descartar que a atual situação econômica norte-americana venha a gerar novas elevações da inadimplência junto às instituições financeiras daquele país, o que leva a mais restrições à concessão de crédito e enfraquecendo da atividade econômica.
De acordo com a ata, no mundo, os índices inflacionários não demonstraram qualquer sinal de redução, que permita aos bancos centrais "mais espaço de manobra para efetuar o afrouxamento monetário necessário para enfrentar o agravamento da crise financeira e de suas repercussões sobre a economia real".
Agência Brasil