As razões que explicam este interesse são múltiplas. Há mais segurança jurídica nos contratos de financiamento imobiliário. As dificuldades para a retomada do imóvel e o risco do investidor diminuíram.
A isso, somaram-se a queda dos juros e o aumento dos prazos de pagamento, hoje de até 300 meses. A prestação mensal de um crédito imobiliário está mais atrativa e próxima do valor do aluguel.
Hoje uma família com renda mensal de 6 salários mínimos já pode financiar a aquisição de um imóvel de R$ 80 mil, que em 2004 só era acessível a famílias com renda de 14 salários.
Recentemente, um novo fator estimulou ainda mais o interesse das instituições financeiras: a queda na inadimplência. Cálculos divulgados por um banco de primeira linha mostram que as perdas reais dos contratos de financiamento imobiliário, realizados neste ano, situam-se em 0,6%, contra 22% dos contratos antigos.
Ainda há muito espaço para a expansão do crédito imobiliário no Brasil, hoje equivalente a apenas 2% do PIB. Neste quesito, estamos muito abaixo de Reino Unido (86%), Estados Unidos (66%), Itália (16%), Chile (15%) e México (11%).
Em 2007, a Caderneta de Poupança destinará ao crédito imobiliário R$ 11 bilhões, um aumento de 450% em relação a 2003. Não será surpresa se este total chegar a R$ 12 bilhões em dezembro.
As 20 construtoras que abriram seu capital amealharam R$ 15 bilhões do mercado e têm firmado parcerias com outras empresas para lançar novos empreendimentos. Investidores estrangeiros também aportam no setor que ostenta inegáveis vantagens comparativas em relação a outros países.
Alguns analistas apressados indagam se este cenário não traria no futuro próximo uma "bolha" imobiliária, a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos, Inglaterra e Itália ou no Japão nos anos 90. A realidade brasileira, porém, afasta a hipótese de um descasamento entre oferta e demanda de ativos imobiliários.
A oferta imobiliária continua crescendo tanto em regiões onde já é tradicional como em áreas menos exploradas. Famílias proprietárias de um imóvel que necessitam se mudar para outro, bem como famílias ansiosas por deixar de pagar aluguel constituem um vasto manancial de demanda.
Os bancos começam a mirar no atendimento habitacional às famílias de baixa renda que só podem recorrer à Caixa e às companhias habitacionais dos Estados e Municípios. Grandes construtoras já começam a se estruturar para atender este segmento. Os bancos e a Caixa estudam novas formas de financiamento.
Essas operações, entretanto, dependem em parte do aporte de subsídios, devido à insuficiência de renda dessas famílias. Neste ponto, um novo programa habitacional que combine subsídios, recursos de governo e do mercado seria um cheque-mate definitivo nos agourentos que ainda especulam sobre uma futura "bolha"
Fonte: Sinduscon-SP