O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, afirmou hoje que ainda vê espaço para queda nas taxas de juros cobradas no sistema financeiro, o que deve estimular o crescimento do crédito nos próximos meses. Segundo ele, apesar de os juros finais já estarem no nível pré-crise, os spreads ainda não estão, o que indica espaço para cortes nas taxas cobradas dos consumidores. Spread bancário é a diferença entre o custo de captação dos recursos e o juro cobrado dos clientes.
Além disso, lembrou, as taxas de captação continuam caindo. "A expectativa é que a taxa de crescimento do crédito fique mais forte tanto para pessoa jurídica como para pessoa física nos próximos meses", disse Altamir.
O chefe do Depec destacou que só as modalidades de cheque especial, na pessoa física, e conta garantida, na pessoa jurídica, tiveram alta nos juros em março, enquanto todas as demais tiveram recuo. Altamir associou o movimento nessas modalidades à alta nos atrasos inferiores a 90 dias (no caso do cheque especial) e na inadimplência (na conta garantida), em ambos os casos o mais alto da série.
O técnico do BC informou também que as captações de Certificado de Depósito Bancário (CDB) em março foram negativas em R$ 9,1 bilhões, enquanto a poupança teve saída de R$ 847 milhões.
Inadimplência
Altamir informou também que a inadimplência do crédito para pessoa jurídica, que ficou em 2,6% em março, atingiu o nível mais elevado desde abril de 2007. Ele explicou que o nível é menos preocupante do que a trajetória em si, que revela dificuldade das empresas de rolarem suas dívidas, diante de um sistema financeiro com menor oferta de crédito. Ele lembrou que o crédito para as empresas vinha antes da crise crescendo mais do que o para as pessoas físicas.
Com o travamento do mercado, segundo Altamir, é natural que o movimento de alta na inadimplência seja mais acentuado. Embora não tenha se arriscado a dizer que o nível dos calotes das pessoas físicas tenha definitivamente se estabilizado, Altamir afirmou que essa parece ser a tendência.
fonte: Agência Estado