SÃO PAULO - O sonho da casa própria está cada vez menos distante da população de baixa renda. Se antes as dificuldades em conseguir um financiamento e manter o pagamento das parcelas em dia tornavam esse sonho impossível, agora esses pontos são repensados. No entanto, adquirir a casa própria tornou-se mais palpável para esse segmento da população apenas depois da implantação do programa do Governo, "Minha Casa, Minha Vida".

A consideração é do publicitário André Torretta, especialista em marketing direcionado à baixa renda. "De uma maneira geral, esse sonho não era possível até o programa", acredita. Para ele, ainda que haja dificuldades em atender à parcela da população de menor renda - que ganha até três salários mínimos - a chance desse segmento conseguir comprar um imóvel aumentou muito.
Vai dar certo
Contrariando as vozes que acreditam que o "Minha Casa, Minha Vida" dificilmente atenderá a parcela de menor renda da população, Torretta acredita que o programa vai dar certo. "Não tem como esse programa não dar certo".

Para ele, a conta é simples. Com um déficit habitacional passando das 10 milhões de moradias, a demanda pela casa própria é grande e, se o Governo construir 1% desse número, o programa já deu certo. "Até hoje nada foi feito no sentido de sanar esse déficit, então, a construção de 500 mil moradias, por exemplo, já faz do programa um sucesso".

Torretta considera que esse sucesso já é garantido, mesmo que as moradias não sejam 100% voltadas àqueles com renda de até três mínimos. "A grande verdade é que essa população não tem renda para comprar qualquer coisa e o estímulo para a aquisição da casa própria proposta pelo programa já é um passo".

Dificuldades além das econômicas
Segundo Torretta, porém, o acesso à casa própria pela população de baixa renda ainda esbarra em questões sociais. "A nossa economia ainda é informal e o Governo tem que se adequar a isso", explica, ao afirmar que uma das grandes dificuldades desse segmento da sociedade é justamente a informalidade.

Ele conta que, até pouco tempo, tanto bancos privados como públicos simplesmente não atendiam a essa população, pois sequer estavam bancarizados e não conseguiam comprovar renda. "Agora, o acesso ao banco está mais popularizado". Com isso, a baixa renda tem acesso a financiamentos e crédito, mesmo que limitados.

Reduzindo custos
O publicitário alerta que o programa conseguirá atender a um bom número de pessoas de baixa renda se conseguir reduzir os custos das moradias. "O que a gente precisa fazer é desenvolver tecnologia para fazer imóveis de baixos custos".

Apesar das questões que perpassam as econômicas, Torretta comemora a implantação do programa. Ele acredita, porém que o "Minha Casa, Minha Vida" ainda sofrerá mudanças no sentido de ampliar o acesso da baixa renda à casa própria. Porém, para o publicitário, esse começo já é muito importante. "Os primeiros anos vão ser de aprendizado", completa.

34% para a baixa renda
De acordo com a Caixa Econômica Federal, até o dia 24 de julho, 34,31% das mais de 22,8 mil moradias aprovadas para financiamento do banco foram destinadas à parcela com renda de até três salários mínimos.

No total, 7.827 moradias já estão aprovadas para a menor faixa de renda e o investimento para elas está orçado em R$ 142 milhões.


InfoMoney
http://web.infomoney.com.br//templates/news/view.asp?codigo=1652803&path=/suasfinancas/imoveis/