Com o cenário  mais favorável, os brasileiros estão correndo atrás da compra da casa própria. Na outra ponta, o mercado tem se movimentado para conquistar cada vez mais os clientes, diante da maior competitividade. Um exemplo é que já é permitido o pagamento da casa própria por meio do cartão de crédito.

Na realidade, por enquanto, construtoras e incorporadoras aceitam o uso do plástico para pagamento do valor da entrada da casa ou do apartamento, montante que varia bastante de acordo com as condições financeiras do próprio cliente e do valor da propriedade.

Em novembro do ano passado, a Cury Construtora deu o pontapé para esta tendência. “Acreditamos que, ao adquirir sua casa própria, o consumidor está realizando um sonho. Entretanto, este caminho pode ser difícil, especialmente no que diz respeito ao crédito. A inclusão do limite do cartão de crédito como parte da renda é um facilitador”, afirmou o presidente da construtora, Fábio Cury.

Na empresa, o cliente pode parcelar em até dez vezes sem juros no cartão de crédito o valor da entrada. O plano é ajustar os modelos mais eficientes e mais adequados ao perfil dos consumidores das classes C e D, uma vez que o cartão proporciona um crédito pré-aprovado, sem burocracia.

Facilidade no pagamento

A Tecnisa também passou a oferecer, desde abril, essa opção aos clientes, que podem parcelar a entrada em até seis vezes no cartão de crédito, no caso dos empreendimentos da linha Tecnisa Flex, que têm unidades com valor entre R$ 90 mil e R$ 250 mil. A intenção, por sua vez, é expandir para toda a companhia.

O valor da entrada do imóvel, de acordo com o diretor de Marketing, Rogério Santos, fica entre 5% e 10%. “O limite do cartão de crédito do cliente tem de ser igual ou superior à entrada”, explicou, completando que o valor considerado é o da parcela, ou se ela se encaixa no limite mensal do cliente.

De acordo com Santos, o cartão de crédito até que demorou para entrar no mercado imobiliário, tendo em vista que o setor já faz vendas pela internet, por celulares e iPhones. “O cartão aumenta o poder de compra do cliente e substitui o uso dos cheques. Às vezes, para pagar a entrada, o cliente precisava dar mais de dez cheques. Agora, com o plástico, fica tudo on-line. Acreditamos que esta opção de pagamento facilita ainda mais a aquisição da casa própria”.

Depois da entrada no cartão de crédito, o cliente paga as parcelas do imóvel na forma tradicional de boleto bancário. De acordo com Santos, a construtora já estuda a possibilidade de fazer tudo isso vinculado a uma administradora de cartão. “Ele facilita a compra e tem o retorno das milhagens. O cliente pode ganhar prêmios fantásticos”.

Nem tudo são flores...


De acordo com a professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Myrian Lund, usar o cartão de crédito significa que o cliente terá a oportunidade de adiar o pagamento inicial.

“Em vez de liberar o dinheiro hoje, o cliente libera em até 40 dias o espaço para fazer uma aplicação. Essa seria a grande vantagem: a pessoa sabe que não tem dinheiro naquele mês, mas terá depois e usará”. Porém, é preciso considerar que o custo de oferecer a possibilidade de pagar com cartão estará embutido na entrada.

O grande risco de aderir à facilidade, por sua vez, é de não ter dinheiro para pagar as faturas. “Se a pessoa tem esse cuidado, não tem problema nenhum. Dei entrada no cartão, no dia do vencimento, tenho de pagar, ou então vou pagar juros exorbitantes, porque os juros do cartão são os maiores do mercado”, explicou.

Outro cuidado que a pessoa deve tomar é que ela pode já ter atingido o limite de seu cartão de crédito. A partir daí, na hora de fazer outras compras, tem de atentar se ainda pode gastar, para não “estourar”. Também é preciso se atentar ao fato de que a prestação da entrada pode coincidir com a do restante do valor do imóvel, prejudicando o orçamento doméstico.

InfoMoney
Flávia Furlan Nunes
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