"Picareta: esse é o nome certo para a pessoa que faz corretagem imobiliária sem credenciamento. Picareta!".
Quando entrevistado, esta foi a primeira e repreensiva afirmação de Marcio Becchi, delegado regional do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de Maringá, demonstrando bem o quanto é preocupante o fato de que ainda existe no mercado imobiliário pessoas que atuam na corretagem sem credenciamento, obrigatório pela lei regulamentadora da profissão, 6.530, de 1978.
De acordo com Becchi, a fiscalização tem sido cada vez mais intensa em Maringá. Só em 2010, já houve no município duas fiscalizações, uma federal e outra estadual.
E a previsão é de ocorrer mais uma fiscalização estadual ainda este ano. "Além dos fiscais estaduais e federais, temos um fiscal que está trabalhando em cima do exercício legal da profissão aqui em Maringá", informa.
Mesmo havendo uma fiscalização atuante no setor imobiliário, Becchi, porém, salienta que a melhor arma contra as pessoas que agem na ilegalidade ainda é o auxílio da população - a maior prejudicada com esse tipo de atuação ilícita.
"A pessoa pode denunciar se suspeitar de algum picareta. Os corretores não costumam mostrar a carteirinha, mas não custa nada a pessoa, antes de fechar negócio com algum corretor, ligar para o Creci e consultar, gratuitamente, se tal empresa ou pessoa é credenciada", explica.
No intuito de coibir a prática ilegal da corretagem em Maringá, o Creci conta com o apoio das entidades e instituições imobiliárias.
Uma dessas entidades, o Sindicato dos Corretores de Imóveis em Maringá (Sindimóveis), é presidida pelo engenheiro civil Claudimorar Barbosa Sandri, que diz ter percebido uma diminuição no número de pessoas que atuam sem credencial em Maringá.
"Os imóveis tem valor alto e, por isso, as pessoas procuram pessoas sérias e idôneas para fazer o serviço", afirma. Ainda assim, o Creci-PR informa que o número de corretores de imóveis autuados por trabalharem ilegalmente no Paraná cresceu nos últimos dois anos, devendo ser ainda maior em 2010.
O corretor 'Ficha Suja'
Para Téo Granado, presidente da regional do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), a pessoa deve, além de consultar o Creci, pedir para ver também a credencial do corretor.
"Não é vergonha para ninguém pedir a carteira do Creci. E, caso o suposto corretor se recuse a apresentar, para mim ele já não é digno de fazer a corretagem", opina.
Granado ressalta o histórico do corretor como um outro aspecto importante e que evidencia ainda mais a real necessidade de se fazer uma consulta junto ao conselho.
"As vezes, o sujeito é credenciado, mas está envolvido em tanta denúncia que pode perder a carteirinha a qualquer momento. Tem que fazer igual o Ficha Limpa dos políticos. Se a pessoa já tem processos administrativos em seu nome, aconselho a procurar outro profissional, pois um imóvel é um bem precioso e muito caro".
Trambicagens
Imagine a seguinte situação: um grupo de pessoas que mora e trabalha no Japão começa a investir dinheiro em Maringá. Confiando plenamente no "corretor", essas pessoas compram o terreno e não veem a hora de, quando voltarem para o Brasil, terem um empreendimento construído, prontinho para morar ou investir.
Decepção e revolta foram sentimentos em comum dos dekasseguis quando encontraram um terreno vazio, sem obra alguma construída.
Esse é só um dos casos contados pelos empresários do ramo imobiliário entrevistados pela reportagem. Falsa procuração, venda de imóveis em lugares ruins (como ao lado de uma boate, por exemplo) e terrenos trocados são outros exemplos de trambicagens.
O delegado Becchi diz que também é comum encontrar pessoas querendo ganhar dinheiro supervalorizando o imóvel. "Não há um contrato de prestação de serviço sem ser corretor credenciado. E é esse documento que garante o valor real do imóvel que se está pagando. É aquela velha história: vale R$ 100 mil, mas o que o sujeito conseguir pegar a mais de dinheiro, é dele".
Fonte: Maringá Imóveis
http://www.odiario.com/maringaimoveis/Noticias/Index/326913