Os preços dos apartamentos em Curitiba dispararam nos últimos quatro anos. Dependendo do tipo do apartamento, as cotações chegaram a dobrar no período e, no último ano, a alta chega a 20%. Levantamento da área de inteligência de mercado da empresa de intermediação imobiliária Lopes – que tem presença em 12 estados e no Distrito Federal – mostra que bairros como Centro, Água Verde, Vila Izabel, Cabral e Batel têm, em média, os apartamentos mais caros da capital. Nesses locais, o preço do metro quadrado por área útil fica, em média, entre R$ 4 mil e R$ 4,7 mil. Mas é possível encontrar imóveis cujo metro quadrado fica entre R$ 5,5 mil e R$ 6 mil no Batel, valores equivalentes a alguns bairros de classe média-alta de São Paulo.

A pesquisa da Lopes, referente a setembro, foi realizada com base em uma amostra de 3.753 unidades em oferta na cidade. O levantamento cobriu os bairros que concentram os principais lançamentos imobiliários na capital.


Os aumentos dos preços dos terrenos e dos custos de mão de obra das construtoras de um lado, e a demanda aquecida do outro, têm sido o combustível perfeito para a disparada dos preços. O movimento ocorre em todo o Brasil, mas aqui a diferença fica mais gritante porque Curitiba sempre foi uma cidade considerada barata para morar. “A questão não é que os preços estão muito altos, e sim que Curitiba passou muito tempo com um mercado pouco desenvolvido, com pouca oferta de imóveis e preços baixos. Essa correção teria de ocorrer”, afirma Luiz Augusto Brenner Rose, diretor de atendimento da Lopes em Curitiba.

Ninguém se arrisca a cravar até onde vai essa valorização, mas é consenso entre incorporadoras que ainda há espaço para os preços subirem. O diretor da Brookfield para a Região Sul, Luiz Angelo Zanforlin, acredita que nos imóveis no Batel, onde já há poucos terrenos à venda, o metro quadrado pode chegar a R$ 8 mil em dois anos, preços hoje encontrados em bairros como Vila Mariana, em São Paulo, e na Lagoa, no Rio. Para o presidente do Sinduscon, Hamilton Pinheiro Franck, a previsão parece exagerada. “Curitiba não é igual a São Paulo, inclusive na renda da população, que é menor”, argumenta. Para ele, 2011 deve ser mais um ano de forte demanda, mas não deve haver uma valorização tão expressiva dos preços. Marcos Kahtalian, da Brain Consultoria, acredita que alcançar os R$ 8 mil não é algo impossível, mas será um valor restrito a empreendimentos específicos. “Vai depender da localização, do produto a ser vendido. Não dá para generalizar”, diz.

Compactos

A maior parte dos lançamentos está concentrada em apartamentos de dois e três dormitórios, que juntos representam 82% do mercado, mas a participação de apartamentos de um dormitório vem crescendo rapidamente: passou de 7%, em 2009, para 17% em julho de 2010. Também são os apartamentos de um dormitório que registraram a maior valorização em quatro anos – os preços dobraram no período.

Os apartamentos de quatro quartos, que chegaram a representar 16% dos lançamentos em 2005, hoje têm uma presença tímida, de 1% do mercado. Dois motivos explicam a redução, segundo Brenner Rose, da Lopes. Há cinco anos, com o encolhimento do mercado e a pouca oferta de crédito, as empresas passaram a se dedicar a um público de mais alta renda, que não necessitava de financiamento para comprar imóvel.

Agora, com a fartura dos recursos para financiamento, a escassez de terrenos disponíveis, a ascensão da classe C e a tendência de famílias casa vez menores, os apartamentos mais compactos estão ganhando espaço. Os imóveis com dois dormitórios, que tinham uma participação de 10% em 2005, hoje representam 40% no mercado, com pico de 52% em 2009. O perfil do comprador também está mudando, com o crescimento no número de jovens casais, executivos, estudantes e divorciados.

Fonte: Gazeta do Povo
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?tl=1&id=1058661&tit=Valor-chega-a-dobrar-em-quatro-anos