De cada R$ 100 em financiamentos para a compra da casa própria, R$ 95 têm origem nas operações que usam recursos direcionados para a habitação, como a caderneta de poupança. O valor restante, de apenas R$ 5, vem dos recursos disponíveis no caixa dos bancos, o chamado crédito livre. O dado consta de relatório inédito divulgado ontem pelo Banco Central. O documento mostra que, em meio à forte expansão do crédito imobiliário nos últimos anos, a participação dos recursos da poupança segue majoritária e estável.
Em agosto, brasileiros deviam R$ 120,6 bilhões em financiamentos imobiliários. O valor cresceu 3,9% na comparação com julho e saltou 51,1% em 12 meses.
Do total dos financiamentos, exatos 95% - ou R$ 114,6 bilhões - foram originados em operações com recursos direcionados, como os empréstimos oferecidos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Esse tipo de linha de crédito usa 65% dos depósitos feitos na poupança para a compra da casa própria. Já a parcela das operações com recursos livres era de apenas R$ 5,9 bilhões ou 5% de todos os empréstimos.
Construção. O levantamento também mostra que, a despeito do apetite dos bancos em aumentar a participação no segmento de crédito imobiliário - inclusive com a oferta de recursos próprios -, a fatia do segmento livre segue estável, perto de 5% desde o início do estudo, em dezembro de 2008. Naquele mês, a fatia dos recursos livres era de 5,6%. Desde então, a participação tem oscilado entre 4,8% e 5,4% de todo o crédito imobiliário concedido às pessoas físicas.
O estudo também mostrou que o total de empréstimos tomados por empresas do segmento de construção civil - como incorporadoras, construtoras e imobiliárias - cresceu 5,2% em agosto na comparação com julho e atingiu R$ 45,4 bilhões. No acumulado em 12 meses, a expansão da carteira é de 33,9%.
O chefe do departamento econômico do BC, Altamir Lopes, explica que o crédito para empresas do setor cresce em ritmo menor que o financiamento para a compra da casa própria pelas famílias porque muitas companhias têm conseguido financiamento no mercado de capitais, como o lançamento de títulos de dívida ou ações.
Fonte: O Estado de S.Paulo
Fernando Nakagawa
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