Os empreendimentos imobiliários que oferecem itens que incentivam o movimento sustentável ainda não são determinantes para a compra entre os brasileiros, mas têm grande influência na definição. Por enquanto, a vantagem econômica de ter despesas mensais menores a médio e longo prazo são os maiores atrativos para os consumidores, antes da consciência ambiental.

Em Curitiba, há quatro anos começaram a ganhar força os imóveis com conceito verde. Segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-PR), Alfredo Canezin, a preocupação começou timidamente há cerca de dez. O primeiro passo foi o reaproveitamento de água da chuva, que está sendo usada como argumento para diminuição de taxa condominial. “O gasto com água corresponde a 30% da taxa. Com armazenamento, consegue-se baixar de 15 a 20%”, diz.

É um grande atrativo para as vendas, mas não tanto pela consciência ambiental, que ainda é complicada, na opinião de Canezin. “É preciso que ofereça vantagem financeira em primeiro lugar. Pode haver reflexo no valor do imóvel de 2 a 5% a mais, mas o retorno vem na despesa mensal. Além disso, ganha maior valor de revenda.”

Incentivo

A construtora Conceito & Moradia investe desde o início das operações, há cerca de dez anos, em elementos de incentivo à prática sustentável em seus empreendimentos. Aos poucos, os edifícios com assinatura da empresa ganharam cisternas para armazenamento de água da chuva, descargas com dois níveis de volume de água nos banheiros, tanque para depósito de óleo de cozinha usado, coleta seletiva do lixo e telha clara.

“A venda desse tipo de empreendimento acontece muito boca a boca, por indicação de quem está conferindo os benefícios”, destaca o diretor comercial da Conceito & Mora­dia, Newton Borges dos Reis. A telha de cor clara, exemplifica ele, tem preço 10% mais elevado que outras de uso comum, mas absorve menos calor. “No custo geral da obra, porém, o impacto não é grande e o cliente ainda economiza energia.”

Bicicletas elétricas para uso comum


Em fase de vendas, o residencial Igloo, uma parceria entre a construtora BKO e a incorporadora AG7 Partners, no bairro Água Verde, terá bicicletas elétricas para uso comum dos moradores. O objetivo é incentivar que não saiam de carro para ir a lugares próximos de casa, a um raio da 1,5 quilômetro, para evitar a emissão de gás carbônico. Os carregadores ficarão na garagem e são necessárias duas horas para abastecer.

O condomínio, que tem unidades a partir de R$ 175 a R$ 380 mil (35 a 62 metros quadrados), será entregue com três bicicletas, mas a administração poderá adquirir quantas quiser. “Observamos uma aceitação muito positiva, não somente pelo movimento sustentável, mas pela reflexão que gera”, afirma Eduardo Batista, diretor de incoporação da BKO.

O residencial terá também seis vagas para carros elétricos. A despesa de carga é cobrada na taxa de condomínio. O custo para abastecer um carro com energia elétrica é 25% menor na comparação com combustível na bomba. Carrega em cerca de quatro horas, para uma autonomia de 200 quilômetros. Segundo Batista, um edifício semelhante da construtora em São Paulo teve 15% das vendas definidas por conta das vagas para carros elétricos e o benefício das bicicletas.

O Bauhaus Condominium, da Consist Incorporadora, também oferece vagas para veículos elétricos. “O percentual de clientes com visão e conciência do benefício ambiental cresce paulatinamente, mas é baixo”, diz o diretor comercial, Hildebrando Porciúncula. O residencial está sendo erguido no São Francisco, com unidades que custam entre R$ 600 mil e R$ 1,3 milhão.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo
Ana Carolina Nery