Grande oferta e preço atraem compradores em busca de maior metragem e boa localização
Nos dois primeiros meses de 2014, algumas imobiliárias de Curitiba sentiram aumento na procura por imóveis usados, especialmente apartamentos com dois ou três dormitórios. A movimentação, embora ainda pontual e não registrada pelas pesquisas de mercado, chama atenção dos profissionais experientes – o período é considerado atípico para esse tipo de demanda.
Dirigentes de imobiliárias tradicionais, como Apolar e Senzala, acreditam que a tendência deve continuar nos próximos meses. A explicação é simples: a soma entre preço e localização, os dois fatores que mais pesam na decisão de compra do bem.
Muitos consumidores estão preferindo adquirir apartamento em bairros próximos ao Centro e com boa metragem privativa, mesmo que precisem gastar com reformas para habitar um imóvel mais antigo, do que pagar o valor do metro quadrado de unidades novas ou na planta.
Equação
Uma comparação rápida fecha a equação. Enquanto o metro quadrado dos lançamentos verticais está em cerca de R$ 5,6 mil na capital – girando entre R$ 6 a R$ 8 mil para apartamentos tipo standard em bairros bem localizados – nos usados a média de preço é R$ 3 mil.
A grande oferta de imóveis usados na capital ajuda a configurar o cenário positivo para os compradores. De acordo com a pesquisa do do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar) para o Secovi-PR, o sindicato das imobiliárias, Curitiba tem 17.622 unidades desse tipo à venda.
Desse total, cerca de 5 mil são apartamentos com três dormitórios. Outros 3,3 mil são unidades com dois quartos.
Maioria
A movimentação desse começo de ano na Senzala Imóveis aponta que, de cada oito vendas em andamento, sete são de residenciais usados. Praticamente todos são apartamentos, diz a gerente Augusta Rocha Coutinho, que aponta o preço como o principal atrativo.
Foi assim que a empresária Fabianne Bettega adquiriu seu primeiro imóvel. Junto com o noivo, ela buscava apartamento na região do Água Verde e Vila Izabel. “Eu já morava no bairro com os meus pais”, explica a designer.
Os preços de apartamentos novos desanimaram o casal. “Teríamos que entrar em financiamento e seguir pagando o bem por muitos meses”, relata. “Além disso, os que poderíamos comprar no bairro ou perto dali tinham peças muito pequenas”.
Sem dívidas
A solução veio no imóvel usado. “Pagamos à vista, com o dinheiro que estava reservado para a compra do imóvel. É um valor que serviria como entrada no financiamento de um novo. Ficamos sem dívidas e conseguimos um apartamento espaçoso, com excelente localização, de onde vou a pé para o trabalho”, afirma. “Fiquei no bairro e estamos felizes”, conta Fabianne. Após uma reforma, a nova moradia ficou “do jeito que a gente queria” – agora a preocupação da designer são os preparativos finais do casamento, já que o lar está pronto.
Prós e contras - Preço mais baixo compensa investimento em reformas
É possível encontrar um apartamento usado de dois dormitórios na região do Água Verde com o metro quadrado em torno de R$ 3,2 mil. Se o comprador procurar um apartamento de três quartos no Centro, pode achar valores de até R$ 2,7 mil o metro quadrado. Diante de preços até 30% mais baixos do que os de um apartamento novo, e com a vantagem da boa localização, o investimento em reformas e adequação acaba compensando. “Se o comprador prioriza área interna, vale a pena”, avalia Augusta Coutinho, gerente da Senzala Imóveis.
Os amplos espaços das plantas de apartamentos antigos, a robustez da edificação e acabamentos de qualidade que podem ser restaurados, como pisos em tacos de madeira, também são vantagens do imóvel usado. Entre os itens que podem desmotivar o comprador estão as poucas vagas de garagem – apenas uma ou nenhuma – e a planta. Muitos apartamentos têm cozinhas pequenas e apenas um banheiro, ou suíte e um banheiro social, exigindo readequação dos ambientes e reformas de porte.
Daniel Galiano, diretor da Apolar Imóveis, aponta outros quesitos a favor dos usados. “A maioria já tem armários embutidos nos dormitórios e cozinha. Alguns vêm com móveis. É um custo que o comprador não precisará desembolsar”, comenta o executivo. Em relação às condições de pagamento, o diretor da Apolar explica que os bancos têm facilitado o financiamento dos usados. “Esse não tem sido um empecilho”, observa. A comprovação de renda é a maior exigência para o comprador que pretende financiar.
Fonte: Gazeta do Povo